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Nasci
em Portugal, em Gavião, no Alentejo, em algum momento entre a 2ª Guerra
Mundial e a do Golfo.
Aos
4 anos fui para Moçambique. Aí cresci e me formei como artista
autodidacta, num mundo onde o sofrimento estava, e está, presente, mas
que é cheio de colorido , formas, texturas e luzes fantásticas.
Enamorei-me progressivamente dessas formas, cores e luzes que se abriam
perante mim em
toda a sua plenitude e força.
Trabalhei
como desenhadora, cartógrafa e foto-interprete nos Ministérios da
Agricultura, e da Indústria e Energia, bem como na Universidade Eduardo
Mondlane.
Entre
1984 e 1986 vivi na Nicarágua, onde me senti profundamente tocada pelo
sofrimento da sua gente e me fascinou o forte colorido da América
Central.
Desde
finais de 1986, resido no Chile, ao qual cheguei ainda em plena ditadura
de Pinochet e onde acompanhei a difícil evolução do país rumo à
democracia. Nesta longa e estreita faixa de terra, cheia de contrastes,
na qual predominam os tons pastel, reaprendi a viver e também a
resistir este exílio auto-imposto mas poucas vezes aceite pela carga de
dor e solidão que o acompanham.
Em
2000 numa breve estada em Portugal, emocionou-me a solidariedade e a
gentiliza do meu povo sensibilizou-me profundamente a beleza da paisagem,
que comparo a uma pintura naif, e impressionou-me a riqueza histórica e
cultural presente em cada esquina, praça, azulejo...
São
outras formas, cores luzes e texturas. São outras dores...
A
mistura de Dor e Cor com que me confrontei durante este percurso de vida
determinam a minha procura da Arte dentro do Ser Humano, concretamente
dentro do Universo do Ser Mulher. O que pinto é, por isso, uma viagem por
dentro do espírito... às “portas e janelas da alma”, esses territórios
femininos de conexão com a Vida e a Divinidade.
À
dor, ao sofrimento, à saudade e à tristeza respondo com as minhas
Mulheres, todas elas sós, de olhos grandes e tristes carregados de
sofrimento, mas protegidas por um universo de formas, cores e texturas.
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